O Bank of Communications BBM (Bocom BBM), o primeiro banco credenciado para operar no Brasil a plataforma de pagamentos China Interbank Payment System (Cips), projeta para julho o início da compensação de operações entre Brasil e China sem o uso do dólar. O Brasil será o primeiro país da América Latina a ter acesso ao sistema chinês que conecta milhares de instituições financeiras em todo o mundo de forma equivalente ao Swift, sistema ocidental.
O Banco Central do Brasil (BCB) e o Banco Central da China (People’s Bank of China ou PBC) assinaram em janeiro um Memorando de Entendimentos (MoU) para aperfeiçoar a cooperação em serviços financeiros relacionados ao mercado e negócios em renminbi (RMB), nome oficial da moeda chinesa. Esse acordo permite que as operações comerciais entre os países sejam feitas diretamente em reais para yuan, sem a necessidade de liquidação via câmbio utilizando o dólar.
A operação de pagamentos sem o dólar deve reduzir os custos das operações e gerar a possibilidade de operações de financiamento em moeda chinesa e de swap cambial para proteção de investimentos nos dois países. Isso ocorre porque atualmente, um importador brasileiro precisa comprar dólares para efetuar pagamentos a exportadores chineses, que por sua vez precisam converter os dólares na moeda local.
Além disso, a oferta de produtos financeiros é um elemento importante, principalmente operações de hedge com prazos longos, seja para brasileiros que investem na China ou para chineses que estão olhando para o Brasil. Os dados do Banco Central mostram que a China é responsável por 5% do estoque de Investimento Direto no País, considerando a participação no capital, ou cerca de US$ 30 bilhões, pelos números de 2021.
O Banco Bocom BBM surgiu a partir de duas instituições financeiras com histórias na China e no Brasil: o Bank of Communications, um dos cinco maiores bancos comerciais do país asiático, e o brasileiro BBM. De acordo com um relatório divulgado em novembro do ano passado pelo Banco do Povo da China (PBC), existem 27 “clearing houses” da moeda chinesa fora da China em 25 países, como Canadá, Alemanha, França, Catar, Austrália e até os Estados Unidos. A primeira delas foi iniciada em Hong Kong em 2003.
Com informações de Reuters