Dólar cai abaixo de 5 reais impulsionado por notícias fiscais positivas e dados de inflação abaixo do esperado
Nesta terça-feira, o dólar acelerou suas perdas e caiu abaixo de 5 reais pela primeira vez em mais de dois meses. A moeda americana foi pressionada por um combo de redução de temores fiscais locais, dados do IPCA abaixo do esperado e um cenário externo favorável a ativos de risco.
O dólar à vista recuou 1,10%, a 5,0100 reais na venda, atingindo sua mínima do dia em 4,9905 reais, a primeira vez que o dólar caiu abaixo de 5 reais desde o dia 2 de fevereiro deste ano.
Segundo Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, esse movimento se deve a “notícias positivas vindas do novo arcabouço fiscal”, somadas a um “forte fluxo de entrada de recursos” pela conta comercial de dólares do país em meio à perspectiva de safras recordes.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também contribuiu para a queda do dólar, subindo 0,71% em março, abaixo do esperado, após alta de 0,84% no mês anterior, informou o IBGE nesta terça-feira. Nos 12 meses até março o índice acumulou avanço de 4,65%, contra 5,60% antes, a taxa mais baixa e a primeira vez abaixo de 5% desde janeiro de 2021.
Além disso, o cenário externo foi favorável, com o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes caindo cerca de 0,30%.
Porém, todos os olhos estão voltados para dados de inflação nos Estados Unidos agendados para quarta-feira. Qualquer número forte deve alimentar apostas de que o Federal Reserve continuará elevando os juros em sua próxima reunião de política monetária, no início de maio.
Atualmente, os mercados futuros já precificam cerca de 70% de chance de o banco central norte-americano subir sua taxa básica em 0,25 ponto percentual.
Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente de redirecionamentos de recursos para o mercado de renda fixa norte-americano.
Por outro lado, com a taxa Selic ainda em 13,75%, o Brasil segue oferecendo uma rentabilidade muito atraente para agentes financeiros externos, o que tem sustentado o real nas últimas semanas.
Apesar disso, o cenário político local segue sem ruídos, o que certamente ajudou o real a se beneficiar da inclinação a risco vinda do exterior e acomodar o dólar perto dos 5,00. O Citi afirmou em relatório desta terça-feira que é provável que os mercados globais operem em “modo de realização de lucros” antes dos dados de inflação dos EUA, mas reafirmou seu otimismo em relação a moedas latino-americanas de alto retorno – o que inclui o real.
Por: Reuters